Gênero, sexualidade e infância: corpos e formas de governo em investigações criminais no Brasil/ Género, sexualidad e infancia: cuerpos y formas de gobierno en las investigaciones penales en Brasil

Palabras clave: violência sexual, infância, gênero, corpo, sexualidade, /, violencia sexual, infancia, género, cuerpo, sexualidad

Resumen

Este artigo explora a relação entre gênero, infância e sexualidade a partir de um trabalho etnográfico realizado em uma delegacia no sul do Brasil, onde acompanhou-se investigações criminais de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Foram selecionadas cenas destas investigações que compõem um cenário possível de diálogo com os estudos de gênero e da infância para pensar como os discursos de proteção e da garantia de direitos estão posicionados em um espaço de intervenção e governo desses mesmos elementos. Demonstrando que tanto a infância quanto o gênero estão pautados por imagens desconectadas no contexto destes sujeitos e que nas formas de proteção também se acentuam maneiras recorrentes de normatização de crianças e adolescentes no campo da sexualidade. Assevera-se que existe uma lógica hegemônica que está articulada nos discursos dos sujeitos que transitam nesses espaços e que comungam o exercício de uma linguagem normativa que necessita de problematização com o campo dos estudos de gênero e da sexualidade na infância. / Este artículo explora la relación entre género, infancia y sexualidad a partir de un trabajo etnográfico realizado en una comisaría en el Sur de Brasil, donde se acompañaron investigaciones criminales de casos de violencia sexual contra niños y adolescentes. Se seleccionaron viñetas de estas investigaciones que componen un escenario posible de diálogo con los estudios de género y de la infancia para pensar cómo los discursos de protección y garantía de derechos están posicionados en un espacio de intervención y gobierno de esos mismos elementos. Demostrando que tanto la infancia como el género están pautados por imágenes desconectadas en el contexto de estos sujetos y que en las formas de protección también se acentúan formas recurrentes de normatización de niños y adolescentes en el campo de la sexualidad. Se asevera que existe una lógica hegemónica que está articulada en los discursos de los sujetos que transitan esos espacios y que comulgan com el ejercicio de un lenguaje normativo que necesita ser problematizado con el campo de los estudios de género y de la sexualidad en la infancia.

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Biografía del autor/a

João Paulo Roberti Junior, Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC)
Estudiante de doctorado en Psicología de la Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil. Miembro de «Margens» Formas de vida, familia y relaciones de género/Programa de Pos-Graduación en Psicología (PPGP) Beca CAPES.
Maria Juracy Filgueiras Toneli, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Doctora en Psicología/USP. Profesora titular del Programa de Pos-Graduación en Psicología, Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil. Investigadora PQ1A / CNPq.
Adriano Beiras, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Doctor en Psicología Social por la Universidad Autónoma de Barcelona (UAB), España, profesor de Grado y Posgrado en Psicología de la Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC). Coordinador del Grupo de Investigación Margens (Modos de Vida, Família e Relações de Gênero) na UFSC. Vicecoordinador del grupo CNPq NPPJ- Núcleo de Pesquisa em Psicologia Jurídica.

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Publicado
2020-03-03
Sección
Aportes